terça-feira, 12 de maio de 2020

CORONAVÍRUS

Paciente transferido para hospital de campanha de Natal é mandado de volta para UPA em menos de 24 horas por falta de UTI

Homem de 37 anos é caso suspeito de coronavírus. Hospital de campanha de Natal tinha apenas dois pacientes internados, mas não tem UTI.





Paciente transferido para hospital de campanha de Natal é mandado de volta para 
UPA em menos de 24 horas por falta de UTI — Foto: Cedida


Um paciente de 37 anos com suspeita de coronavírus 
foi transferido para o Hospital de Campanha de Natal
 na noite de segunda (11) e "devolvido" para a Unidade
 de Pronto-Atendimento (UPA) de Potengi, na Zona
 Norte de Natal, menos de 24 horas depois. A esposa 
dele, Joelma Lima, disse que o marido ligou durante a
 madrugada pedindo pra alguém levar um nebulizador pra
 "ele conseguir respirar".
O Hospital de Campanha de Natal começou a funcionar nesta
 segunda, após uma determinação da Justiça para que a
 unidade abrisse "imediatamente". Poucas horas após a 
decisão, a Prefeitura de Natal emitiu nota informando que
 o hospital tinha recebido os dois primeiros pacientes. 
Um deles é José Aroldo da Silva que foi devolvido à 
UPA na manhã desta terça.
De acordo com a esposa do paciente, Joelma Lima, a equipe
 do hospital de campanha afirmou apenas que não tinha
 alguns dos equipamentos necessários para atender o
 paciente, mas não informou quais seriam.
A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que a transferência
 do paciente de volta para a UPA ocorreu por causa
 do agravamento do quadro de saúde dele e que ele
 aguarda regulação para uma vaga de UTI no 
Hospital Municipal de Natal. A pasta ainda
 ressaltou que a unidade conta com respiradores.
G1 questionou a pasta quais seriam os equipamentos
 que estariam em falta no hospital de campanha e 
o motivo de o paciente não ter sido transferido direto 
do Hospital de Campanha para o Hospital Municipal
 de Natal - que fica mais perto que a UPA de Potengi, 
porém não recebeu resposta sobre o assunto.
De acordo com Joelma Lima, o marido dela já fez 
o teste para o novo coronavírus, mas ainda não 
recebeu o resultado. O homem foi internado na
 última quarta-feira (6) na UPA Potengi, com
 dificuldade para respirar. De acordo com a esposa,
 ele começou a sentir os sintomas há cerca de 17 dias, 
mas quando procurou a unidade de saúde, os
 profissionais suspeitaram de dengue e 
mandaram ele de volta para casa. Ele só foi
 internado com o agravamento do quadro.
Na noite desta segunda-feira (11), junto com outro
 paciente, o homem foi transferido para o
 Hospital de Campanha montado pela Prefeitura
 de Natal na Via Costeira. “Cheguei em casa às 3h, mas 
ele mandou uma mensagem dizendo que não estava
 conseguindo respirar. Perguntei se ele podia espera
r até hoje de manhã para eu ir lá. Mas hoje já fui avisada
 que ele tinha sido transferido de volta para a UPA”,
 afirmou Joelma.

 De volta à UPA, o homem foi colocado em um balão
 de oxigênio, segundo a esposa. “Ele não está
 conseguindo respirar sem ajuda desses aparelhos.
 Ele está cheio de equipamentos. Nem consegue 
falar por telefone. A situação dele piorou”, disse a
 esposa, que aguarda por mais notícias do lado de
 fora da unidade. De acordo com ela, o homem
 precisa de uma UTI, mas ainda aguarda uma vaga.


Embora não tenha comorbidades, o paciente tem
 problemas no pulmão porque trabalhou por
 mais de 20 anos como pintor, sem equipamentos 
e proteção adequados.
No início da tarde desta terça-feira (12), ao citar 
a situação crítica de falta de leitos de UTIs para
 pacientes de coronavírus na região metropolitana 
de Natal, o secretário adjunto de Saúde do Estado, 
Petrônio Spinelli afirmou que o governo recebeu a
 informação de que o hospital municipal estaria com
 todas as suas UTIs ocupadas. "No Hospital Municipal,
 a informação que recebemos é que também está 
com 100% de ocupação", declarou.
A secretaria municipal, no entanto falou que a 
ocupação dos leitos de UTI na unidade estava 
em 53%. De acordo com a SMS, apenas 9 leitos 
estão cadastrados no Ministério da Saúde e, por
 isso, o estado teria a informação de leitos indisponíveis,
 porém o município já teria solicitado o cadastramento
 dos novos leitos. Ainda assim, a pasta não respondeu
 porque, com a existência de leitos, o paciente em 
questão não foi transferido.


Hospital de campanha aberto por decisão da Justiça

Nesta segunda-feira (11), a Justiça determinou que a 
Prefeitura de Natal colocasse o Hospital de
 Campanha em funcionamento “imediatamente”,
 para atender os pacientes de Covid-19. Se não
 cumprisse a determinação, o Município teria
 que pagar multa de R$ 100 mil.
A decisão da 1ª Vara da capital atendeu a 
solicitações do Ministério Público e da
 Defensoria Pública, que alegaram a
 situação de emergência e colapso da rede 
pública de saúde em seu pedido.
A Justiça diz que o hospital deve ser aberto 
com os profissionais que já dispõe e que 
seja a realizada a contratação temporária
 direta de mais gente para atuar na unidade.
 “Seja realizada a contratação temporária
 direta de profissionais capacitados a ser
 realizada o mais rápido possível quando 
então deverão ser abertos e desbloqueados
 todos os 100 leitos clínicos e os 20 leitos 
de UTI destinados a pacientes atingidos
 pela pandemia do novo coronavírus”, diz 
a juíza Patrícia Gondim.

Neste domingo (10), o município publicou no 
Diário Oficial um decreto autorizando a 
contratação direta temporária dos funcionários
 que trabalharão no Hospital de Campanha. 
A prefeitura disse que a medida foi adotada
 por causa do cancelamento do contrato 
com a empresa para terceirização de mão 
de obra destinada aos trabalhos no combate 
à Covid 19 na unidade.





FONTE: PORTAL G1


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