quinta-feira, 12 de abril de 2018

Operação Lava Jato cumpre mandados de prisão contra suspeitos de fraudar fundos de pensão


Agentes da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal
 (MPF) prenderam, na manhã desta quinta-feira (12), o
 empresário Arthur Mário Pinheiro Machado e o economista
 Marcelo Borges Sereno em um desdobramento da Lava 
Jato no Rio de Janeiro que investiga fraudes em fundos de pensão.
Ao todo, os agentes tentam cumprir 10 mandados de prisão 
no Rio, em São Paulo e em Brasília contra suspeitos de 
fraudar os fundos de pensão Postalis (dos Correios)
 e Serpros (Serpro - Serviço de Processamento de 
Dados do governo federal).
Segundo a investigação, os fundos mandavam 
dinheiro para empresas no exterior para pagar a 
prestação de serviços inexistentes. O dinheiro era
 espalhado por contas de doleiros e voltava ao
 Brasil para suposto pagamento de propina. 
O esquema funcionava através de dois doleiros
 do ex-governador Sérgio Cabral, que ajudavam a
 trazer dinheiro em espécie de volta ao país. De acordo
 com os investigadors, uma empresa de Arthur teve
 movimentação suspeita de R$2,8 bilhões.
A decisão é do juiz Marcelo Bretas, da 7ªVara 
Federal Criminal. Essa é a primeira vez que a Lava
 Jato do Rio chega a fundos de pensão.

Mandados de prisão contra:

  • Arthur Mário Pinheiro Machado;
  • Edward Gaede Penn;
  • Ricardo Siqueira Rodrigues;
  • Marcelo Borges Sereno;
  • Carlos Alberto Valadares Pereira (“Gandola”);
  • Adeilson Ribeiro Telles;
  • Henrique Santos Barbosa;
  • Milton de Oliveira Lyra Filho;
  • Patrícia Bittencourt de Almeida Iriarte;
  • Gian Bruno Boccardo Lanz Lahmeyer Lobo
O empresário Arthur Pinheiro Machado, que já
 foi dono de corretora e tem mais de 100 empresas
 ligadas ao CPF dele, foi preso em São Paulo no
 início desta manhã. Arthur também é investigado 
na Operação Encilhamento, que apura fraudes 
envolvendo a aplicação de recursos de Institutos
 de Previdência Municipais em fundos de investimento
 com debêntures sem lastro emitidas por empresas
 de fachada que podem ultrapassar o valor de R$ 1,3 bilhão.
Também foi preso, nesta manhã, em um condomínio 
de luxo na Barra, Zona Oeste do Rio, o economista
 Marcelo Borges Sereno, que é ligado ao Partidos 
dos Trabalhadores (PT) há muitos anos. Ele já foi assessor
 especial do Ministério da Casa Civil durante o governo
 Lula, na época que José Dirceu era ministro da Casa Civil.
Sereno já exerceu cargo de confiança na refinaria
 de Manguinhos e foi secretário de Desenvolvimento,
 Indústria e Petróleo da prefeitura de Maricá durante
 o governo de Washington Quaquá. O G1 ainda não 
conseguiu contato com as pessoas citadas na investigação.
Os agentes também tentam cumprir mandado contra
 Ricardo Siqueira Rodrigues, conhecido como Ricardo
 Grande, em um condomínio na Zona Oeste. Ele é apontado
 pela Polícia Federal como o maior operador de
fundos de pensão no país. Também há mandado de 
prisão contra Patrícia Iriad, funcionária da
 empresa de Arthur Machado.

Em Brasília, a Polícia Federal está na casa de 
Milton Lyra, que é apontado em várias investigações
 como operador do MDB no Senado e operador em
 vários esquemas, a maioria envolvendo fundos
 de pensão, principalmente o Postalis. Ele é alvo 
de investigações que estão no Supremo
 Tribunal Federal (STF) e na Lava Jato.
Lyra também aparece na delação de Nelson Mello
 da Hypermarcas, em 2016. O depoimento conta
 que ele tinha relações diretas com o MDB no Senado,
 principalmente o senador Renan Calheiros, que 
não é alvo da operação desta quinta-feira (12).
A Operação Rizoma investiga os crimes de 
lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção 
através de fraudes que geraram prejuízos
 aos fundos de pensão.
Ao todo são cumpridos 10 mandados de prisão
 preventiva e 21 mandados de busca e apreensão. 
Seis mandados de prisão estão sendo cumpridos
 no Rio, dois em São Paulo e dois no Distrito Federal.

Saiba como funcionava o esquema

As investigações apontam que valores oriundos
 dos fundos de pensão eram enviados para empresas
 no exterior gerenciadas por um operador financeiro 
brasileiro. As remessas, apesar de aparentemente 
regulares, referiam-se a operações comerciais 
e de prestação de serviços inexistentes.
Em seguida, os recursos eram pulverizados em 
contas de doleiros também no exterior, que 
disponibilizavam os valores em espécie no
 Brasil para suposto pagamento de propina 
aos gestores desse fundo.
Rizoma na Botânica é uma espécie de caule que
 se ramifica sob a terra, tratando-se de uma
 alusão ao processo de lavagem de dinheiro e 
ao entrelaçamento existente entre as empresas investigadas.

Entenda o que são fundos de pensão

Os fundos de pensão são uma opção de
 investimento para possibilitar uma aposentadoria
 complementar ao trabalhador. São oferecidos por
 empresas públicas e privadas aos empregados
 e também por associações.
Atualmente, existem mais de 300 fundos de pensão
 em operação no país, que administram um 
patrimônio da ordem de mais de R$ 800 bilhões.
 O total de participantes ativos nos fundos supera
 2,5 milhões e os assistidos chegam a mais de 735 mil.
De acordo dados da Associação Brasileira das
 Entidades Fechadas de Previdência 
Complementa (Abrapp), o Postalis é o 4º maior fundo
 de pensão do país em número de participantes ativos
 e beneficiários (135.958). Já o Serpros reúne
 10.914 participantes ativos e 3.782 assistidos.
Em outubro do ano passado, a Superintendência
 Nacional de Previdência Complementar (Previc)
 decretou intervenção no Postalis após prejuízos
 e denúncias de fraudes em investimentos em
 desacordo com a política interna do Postalis.
O rombo nas contas dos fundos de pensão 
cresce há sete anos e atinge, sobretudo, 
fundos de pensão de estatais.


FONTE: PORTAL G1

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