Operação Lava Jato cumpre mandados de prisão contra suspeitos de fraudar fundos de pensão
Agentes da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal
(MPF) prenderam, na manhã desta quinta-feira (12), o
empresário Arthur Mário Pinheiro Machado e o economista
Marcelo Borges Sereno em um desdobramento da Lava
Jato no Rio de Janeiro que investiga fraudes em fundos de pensão.
Ao todo, os agentes tentam cumprir 10 mandados de prisão
no Rio, em São Paulo e em Brasília contra suspeitos de
fraudar os fundos de pensão Postalis (dos Correios)
e Serpros (Serpro - Serviço de Processamento de
Dados do governo federal).
Segundo a investigação, os fundos mandavam
dinheiro para empresas no exterior para pagar a
prestação de serviços inexistentes. O dinheiro era
espalhado por contas de doleiros e voltava ao
Brasil para suposto pagamento de propina.
O esquema funcionava através de dois doleiros
do ex-governador Sérgio Cabral, que ajudavam a
trazer dinheiro em espécie de volta ao país. De acordo
com os investigadors, uma empresa de Arthur teve
movimentação suspeita de R$2,8 bilhões.
A decisão é do juiz Marcelo Bretas, da 7ªVara
Federal Criminal. Essa é a primeira vez que a Lava
Jato do Rio chega a fundos de pensão.
Mandados de prisão contra:
- Arthur Mário Pinheiro Machado;
- Edward Gaede Penn;
- Ricardo Siqueira Rodrigues;
- Marcelo Borges Sereno;
- Carlos Alberto Valadares Pereira (“Gandola”);
- Adeilson Ribeiro Telles;
- Henrique Santos Barbosa;
- Milton de Oliveira Lyra Filho;
- Patrícia Bittencourt de Almeida Iriarte;
- Gian Bruno Boccardo Lanz Lahmeyer Lobo
O empresário Arthur Pinheiro Machado, que já
foi dono de corretora e tem mais de 100 empresas
ligadas ao CPF dele, foi preso em São Paulo no
início desta manhã. Arthur também é investigado
na Operação Encilhamento, que apura fraudes
envolvendo a aplicação de recursos de Institutos
de Previdência Municipais em fundos de investimento
com debêntures sem lastro emitidas por empresas
de fachada que podem ultrapassar o valor de R$ 1,3 bilhão.
Também foi preso, nesta manhã, em um condomínio
de luxo na Barra, Zona Oeste do Rio, o economista
Marcelo Borges Sereno, que é ligado ao Partidos
dos Trabalhadores (PT) há muitos anos. Ele já foi assessor
especial do Ministério da Casa Civil durante o governo
Lula, na época que José Dirceu era ministro da Casa Civil.
Sereno já exerceu cargo de confiança na refinaria
de Manguinhos e foi secretário de Desenvolvimento,
Indústria e Petróleo da prefeitura de Maricá durante
o governo de Washington Quaquá. O G1 ainda não
conseguiu contato com as pessoas citadas na investigação.
Os agentes também tentam cumprir mandado contra
Ricardo Siqueira Rodrigues, conhecido como Ricardo
Grande, em um condomínio na Zona Oeste. Ele é apontado
pela Polícia Federal como o maior operador de
fundos de pensão no país. Também há mandado de
prisão contra Patrícia Iriad, funcionária da
empresa de Arthur Machado.
Em Brasília, a Polícia Federal está na casa de
Milton Lyra, que é apontado em várias investigações
como operador do MDB no Senado e operador em
vários esquemas, a maioria envolvendo fundos
de pensão, principalmente o Postalis. Ele é alvo
de investigações que estão no Supremo
Tribunal Federal (STF) e na Lava Jato.
Lyra também aparece na delação de Nelson Mello
da Hypermarcas, em 2016. O depoimento conta
que ele tinha relações diretas com o MDB no Senado,
principalmente o senador Renan Calheiros, que
não é alvo da operação desta quinta-feira (12).
A Operação Rizoma investiga os crimes de
lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção
através de fraudes que geraram prejuízos
aos fundos de pensão.
Ao todo são cumpridos 10 mandados de prisão
preventiva e 21 mandados de busca e apreensão.
Seis mandados de prisão estão sendo cumpridos
no Rio, dois em São Paulo e dois no Distrito Federal.
Saiba como funcionava o esquema
As investigações apontam que valores oriundos
dos fundos de pensão eram enviados para empresas
no exterior gerenciadas por um operador financeiro
brasileiro. As remessas, apesar de aparentemente
regulares, referiam-se a operações comerciais
e de prestação de serviços inexistentes.
Em seguida, os recursos eram pulverizados em
contas de doleiros também no exterior, que
disponibilizavam os valores em espécie no
Brasil para suposto pagamento de propina
aos gestores desse fundo.
Rizoma na Botânica é uma espécie de caule que
se ramifica sob a terra, tratando-se de uma
alusão ao processo de lavagem de dinheiro e
ao entrelaçamento existente entre as empresas investigadas.
Entenda o que são fundos de pensão
Os fundos de pensão são uma opção de
investimento para possibilitar uma aposentadoria
complementar ao trabalhador. São oferecidos por
empresas públicas e privadas aos empregados
e também por associações.
Atualmente, existem mais de 300 fundos de pensão
em operação no país, que administram um
patrimônio da ordem de mais de R$ 800 bilhões.
O total de participantes ativos nos fundos supera
2,5 milhões e os assistidos chegam a mais de 735 mil.
De acordo dados da Associação Brasileira das
Entidades Fechadas de Previdência
Complementa (Abrapp), o Postalis é o 4º maior fundo
de pensão do país em número de participantes ativos
e beneficiários (135.958). Já o Serpros reúne
10.914 participantes ativos e 3.782 assistidos.
Em outubro do ano passado, a Superintendência
Nacional de Previdência Complementar (Previc)
decretou intervenção no Postalis após prejuízos
e denúncias de fraudes em investimentos em
desacordo com a política interna do Postalis.
O rombo nas contas dos fundos de pensão
cresce há sete anos e atinge, sobretudo,
fundos de pensão de estatais.
FONTE: PORTAL G1
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